segunda-feira, novembro 29, 2004
Fala galera. Estava agorinha contabilizando nossos shows desde 200o e foram 86, já contando o de Sábado em Juiz de Fora. É uma marca legal, esperamos em breve ter condições de fazer 86 shows por ano. Estamos correndo atrás e torcendo por isso. Vamos ver o que rola pra 2005.
Abraços,
Cid
Abraços,
Cid
terça-feira, novembro 16, 2004
Fala galera, segue um texto do JP, publicado no Jornal do Brasil, sobre a vinda de Brian Wilson para nossas terras:
Brian Wilson e os milagres que ainda existem
João Paulo Cuenca (Jornal do Brasil - 13/11/2004)
Nasceu na Califórnia, em 1942, o primeiro dos três filhos de Murray e Audree Wilson, um casal protestante de classe média norte-americano. O pequeno Brian desde sempre encontrou na música refúgio para uma vida familiar complicada: pai violento (Brian perdeu a audição do ouvido direito numa surra) e mãe alcoólatra. Ouvia música constantemente dentro da sua cabeça e passava a maior parte do tempo sentado em frente ao piano do pai tentando tirar esses sons de dentro de si. A vida, de diferentes e inesperadas formas, mostraria ao garoto que essas melodias seriam as únicas companheiras com quem poderia contar. Aos 18 anos formou, junto com os irmãos Dennis e Carl, o primo Mike Love e o amigo Al Jardine um conjunto que se chamaria Beach Boys. Figura central do grupo, Brian nunca subiu numa prancha de surfe. O único surfista entre eles, Dennis, morreu afogado em 1983. Brian sempre teve medo do mar.
Apesar disso, criou o mito quintessencial de uma nova e ensolarada América: o idílio pop de garotas de biquíni, carros possantes e, claro, pranchas de surfe. O sonho californiano do pós-guerra, sob a égide da era Kennedy, encontrou mais do que um porta-voz. Brian não apenas engendrou um novo gênero musical, levando complexas harmonias ao ritmo do rock'n roll. Criou uma nação inteira. Os EUA não seriam a América que conhecemos sem seu gênio e obra.
Depois de ter entalhado o rosto de uma geração, Brian queria mais. A utopia excitante e escapista de sua fábrica de hits não era suficiente para seu espírito inquieto. Havia ainda o que conquistar, embora nem ele soubesse bem onde estava se metendo quando resolveu voltar os olhos para dentro de si. Em 1964, não suportando o peso de sustentar uma indústria, Brian deixou de excursionar com a banda e passou a se dedicar só aos estúdios. Dois anos depois, mudou radicalmente o rumo da sua carreira - e da música pop do planeta. Apostou no desconhecido (ou no que era conhecido apenas para ele mesmo) e criou uma obra conceitual com arranjos sofisticados e texturas complexas: o álbum Pet sounds. Com 24 anos, chegava ao ápice da aventura do século 20 através da sua música livre e experimental, ao mesmo tempo sofisticada e de simples compreensão.
Nessa época, já tinha problemas com drogas, esquizofrenia paranóica (além de música, agora ouvia vozes) e depressão. Trancava-se em casa fumando maconha, tomando LSD e compondo febrilmente. Depois de sua obra-prima, resolve fazer uma ''sinfonia adolescente para Deus'', algo que superasse seu trabalho anterior e os discos que os Beatles lançavam à época, confessadamente influenciados pelo "Pet sounds". Durante meses se enfurnou em casa com o poeta Van Dyke Parks para escrever "Smile". As sessões de gravação duravam centenas de horas e só Brian era capaz de entender aqueles pedaços de música, que o isolavam da banda e aumentavam a pressão da gravadora. O projeto naufragou, vítima de sua paranóia, e Smile demorou 37 anos para ser realizado. Foi lançado apenas este ano. O CD que estou ouvindo agora foi autografado por Wilson.
Brian perdeu muita coisa. A mulher saiu de casa, levando as filhas. O controle artístico do grupo saiu das suas mãos. Mas nada foi pior do que ter perdido a sanidade mental. Resumindo o drama, Brian chegou a ficar três anos sem sair de casa, colecionando fobias, comendo e se drogando sem parar. Quase morreu inúmeras vezes. Transformou-se numa trágica piada explorada por tablóides sensacionalistas. Foi ''salvo'' por um terapeuta picareta, um tal de Dr. Eugene Landy, que o limpou das drogas, mas o escravizou mentalmente. Só em 1995 a vida pareceu voltar aos trilhos. Com um novo casamento, participou de novos projetos que provaram que o bardo ainda tinha o que mostrar.
Brian Wilson é um sobrevivente. Foi até os recônditos da alma e nos trouxe melodias puras e únicas. Sua alma frágil, exposta na superfície pelos gestos trêmulos e caminhar vacilante, foi capaz de gerar harmonias extraordinárias. A vida extravagante e insana que levou não é produto da mídia ou imagem para vender disco. Tampouco é fruto de vaidade ou falta de inspiração. Brian não é um Ozzy Osbourne ensolarado. Não é um Keith Richards de camisa florida. Não é o popstar junkie da vez fazendo pose de adolescente. Brian precisou ir fundo para contar a todos nós o que viu. E assim ajudou a nos dar a dimensão da fortuna de sermos humanos.
Um dos últimos gênios da humanidade ainda vive. O maior compositor americano de música popular do século 20 ainda vive. E, após voltar do inferno, está fazendo shows e gravando discos. Para quem ouviu falar de Brian Wilson nas últimas décadas, isso pode parecer um milagre. Depois de quase duas horas de clássicos entoados com precisão no último domingo, em São Paulo, e de encharcar lenços de papel ouvindo In my room e God only knows cantadas pelo homem em pessoa, eu saí do show acreditando que, sim, milagres ainda podem existir.
Brian Wilson e os milagres que ainda existem
João Paulo Cuenca (Jornal do Brasil - 13/11/2004)
Nasceu na Califórnia, em 1942, o primeiro dos três filhos de Murray e Audree Wilson, um casal protestante de classe média norte-americano. O pequeno Brian desde sempre encontrou na música refúgio para uma vida familiar complicada: pai violento (Brian perdeu a audição do ouvido direito numa surra) e mãe alcoólatra. Ouvia música constantemente dentro da sua cabeça e passava a maior parte do tempo sentado em frente ao piano do pai tentando tirar esses sons de dentro de si. A vida, de diferentes e inesperadas formas, mostraria ao garoto que essas melodias seriam as únicas companheiras com quem poderia contar. Aos 18 anos formou, junto com os irmãos Dennis e Carl, o primo Mike Love e o amigo Al Jardine um conjunto que se chamaria Beach Boys. Figura central do grupo, Brian nunca subiu numa prancha de surfe. O único surfista entre eles, Dennis, morreu afogado em 1983. Brian sempre teve medo do mar.
Apesar disso, criou o mito quintessencial de uma nova e ensolarada América: o idílio pop de garotas de biquíni, carros possantes e, claro, pranchas de surfe. O sonho californiano do pós-guerra, sob a égide da era Kennedy, encontrou mais do que um porta-voz. Brian não apenas engendrou um novo gênero musical, levando complexas harmonias ao ritmo do rock'n roll. Criou uma nação inteira. Os EUA não seriam a América que conhecemos sem seu gênio e obra.
Depois de ter entalhado o rosto de uma geração, Brian queria mais. A utopia excitante e escapista de sua fábrica de hits não era suficiente para seu espírito inquieto. Havia ainda o que conquistar, embora nem ele soubesse bem onde estava se metendo quando resolveu voltar os olhos para dentro de si. Em 1964, não suportando o peso de sustentar uma indústria, Brian deixou de excursionar com a banda e passou a se dedicar só aos estúdios. Dois anos depois, mudou radicalmente o rumo da sua carreira - e da música pop do planeta. Apostou no desconhecido (ou no que era conhecido apenas para ele mesmo) e criou uma obra conceitual com arranjos sofisticados e texturas complexas: o álbum Pet sounds. Com 24 anos, chegava ao ápice da aventura do século 20 através da sua música livre e experimental, ao mesmo tempo sofisticada e de simples compreensão.
Nessa época, já tinha problemas com drogas, esquizofrenia paranóica (além de música, agora ouvia vozes) e depressão. Trancava-se em casa fumando maconha, tomando LSD e compondo febrilmente. Depois de sua obra-prima, resolve fazer uma ''sinfonia adolescente para Deus'', algo que superasse seu trabalho anterior e os discos que os Beatles lançavam à época, confessadamente influenciados pelo "Pet sounds". Durante meses se enfurnou em casa com o poeta Van Dyke Parks para escrever "Smile". As sessões de gravação duravam centenas de horas e só Brian era capaz de entender aqueles pedaços de música, que o isolavam da banda e aumentavam a pressão da gravadora. O projeto naufragou, vítima de sua paranóia, e Smile demorou 37 anos para ser realizado. Foi lançado apenas este ano. O CD que estou ouvindo agora foi autografado por Wilson.
Brian perdeu muita coisa. A mulher saiu de casa, levando as filhas. O controle artístico do grupo saiu das suas mãos. Mas nada foi pior do que ter perdido a sanidade mental. Resumindo o drama, Brian chegou a ficar três anos sem sair de casa, colecionando fobias, comendo e se drogando sem parar. Quase morreu inúmeras vezes. Transformou-se numa trágica piada explorada por tablóides sensacionalistas. Foi ''salvo'' por um terapeuta picareta, um tal de Dr. Eugene Landy, que o limpou das drogas, mas o escravizou mentalmente. Só em 1995 a vida pareceu voltar aos trilhos. Com um novo casamento, participou de novos projetos que provaram que o bardo ainda tinha o que mostrar.
Brian Wilson é um sobrevivente. Foi até os recônditos da alma e nos trouxe melodias puras e únicas. Sua alma frágil, exposta na superfície pelos gestos trêmulos e caminhar vacilante, foi capaz de gerar harmonias extraordinárias. A vida extravagante e insana que levou não é produto da mídia ou imagem para vender disco. Tampouco é fruto de vaidade ou falta de inspiração. Brian não é um Ozzy Osbourne ensolarado. Não é um Keith Richards de camisa florida. Não é o popstar junkie da vez fazendo pose de adolescente. Brian precisou ir fundo para contar a todos nós o que viu. E assim ajudou a nos dar a dimensão da fortuna de sermos humanos.
Um dos últimos gênios da humanidade ainda vive. O maior compositor americano de música popular do século 20 ainda vive. E, após voltar do inferno, está fazendo shows e gravando discos. Para quem ouviu falar de Brian Wilson nas últimas décadas, isso pode parecer um milagre. Depois de quase duas horas de clássicos entoados com precisão no último domingo, em São Paulo, e de encharcar lenços de papel ouvindo In my room e God only knows cantadas pelo homem em pessoa, eu saí do show acreditando que, sim, milagres ainda podem existir.
quarta-feira, novembro 10, 2004
NETUNOS em São Paulo
Fala pessoal nesta sexta estamos rumando para Sampa, pra mais um show na FUNHOUSE. Se liguem no "selviço":
REVOLUTION na FUNHOUSE- Rua Bela Cintra, 567
horário: a partir das 23 horas
preço: R$5 de entrada e R$10 de consumação pros homens, e R$5 de entrada e R$5 de consumação pras mulheres -
mais detalhes em http://www.funhouse.com.br
Fala pessoal nesta sexta estamos rumando para Sampa, pra mais um show na FUNHOUSE. Se liguem no "selviço":
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horário: a partir das 23 horas
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